Há muito tempo, quando escravos e mercadores comercializavam produtos no Porto Cozinha, na Praia da Barra Nova, a foz do Rio Choró ainda era um refúgio para muitas espécies de animais.
Inicialmente o Rio Choró desaguava em outro ponto. Após uma grande seca em meados do século XIX, as dunas fecharam o caminho do rio e quando veio a enchente o rio arrebentou em outro ponto. O antigo lugar onde o rio se encontrava com o mar ficou conhecido como Barra Velha e o local do novo estuário ficou conhecido como Barra Nova.
E lá, bem próximo à Barra Nova, em um desses lugares em que o Rio Choró passa, era comum aqueles que ali caminhavam verem à beira do rio, jacarés. Muitos jacarés que passavam horas tomando sol. As pessoas que viam aqueles bichos achavam que eles estavam corando ao sol, assim como antigamente as lavadeiras à beira de rios faziam com as roupas, e diziam uma para as outras:
– Veja, o jacaré corando!
Ou então:
– Olha como o jacaré coara – no dizer do povo.
Assim, conforme diz a lenda, de tanto as pessoas se referirem ao lugar como o local em que o jacaré cora, o lugarejo que ali nasceu, próximo ao rio, ficou conhecido como jacarecoara.
NOTA: Na verdade a palavra Jacarecoara vem do Tupi antigo îakaré + kûara que quer dizer buraco do jacaré ou toca do jacaré. Provavelmente era como os índios que viviam em Cascavel se referiam ao local.
[Airton Dias de Sousa. Um Lugar Chamado Jacarecoara. In: A Serra da Mataquiri, o Rio Malcozinhado e Outras Histórias. 2. ed. Fortaleza: Premius, 2018, p. 64-65. Ilustração: Wescley Barros Borges – colorização: Hugo Cavalcante]