
Aderbal Tito de Castro e Silva
Aderbal Tito nasceu em Cascavel em 1838, filho do major José Marcos de Castro e Silva e dona Benedita Maria de Sabóia. Foi político de grande evidência na região do Aquiraz e Cascavel, filiado ao Partido Liberal.
Casou-se com Carlota Gaspar e Silva e em segundas núpcias com Francisca Hermelinda de Carvalho e Silva.
Em 1860 era tenente coronel do Quartel Mestre do Batalhão nᵒ 30 da Guarda Nacional de Cascavel e em 1864 foi coronel comandante superior de Aquiraz, sendo reformado nesse posto por decreto do governo provisório de 11 de setembro de 1890.
Foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Cascavel. Foi também deputado.
Arcelino de Queiroz Lima
O bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, Arcelino de Queiroz Lima, nasceu no Sítio Bom Jardim, na época pertencente a Cascavel – hoje, Beberibe – em 22 de janeiro de 1837, filho do tenente coronel Pedro Queiroz Lima e Francisca Helena de Queiroz Lima. Seu pai foi um dos hasteadores da bandeira dos independentes e companheiro de Tristão Gonçalves Pereira de Alencar. Era pai de Espiridião de Queiroz Lima e avô das escritoras Rachel e Maria Luiza de Queiroz.
Quando estudante, redigiu em Fortaleza a revista “Juventude”
Bacharelou-se em 14 de novembro de 1871 na Academia de Recife.
Exerceu a magistratura em Canindé e Pacatuba e ocupou os lugares de chefe de seção da Secretaria do Governo e procurador fiscal interino da Tesouraria da Fazenda da antiga província.
Em 1872 fundou o Ginásio Cearense, estabelecimento educacional.
Fez parte do senado estadual nos primórdios do regime republicano.
Exerceu a judicatura com proficiência.
Proprietário de seis quarteirões quadrados de terra vizinho à estação ferroviária de Quixadá, passou escritura em nome de Jesus Maria José, orago da freguesia.
Publicou em 1873 o Compêndio de Geografia Geral e Especial do Brasil, pela Tipografia da Tribuna Católica.
Retirado da vida política onde era senador estadual em 1891, passou a última fase de sua existência em sua fazenda “Califórnia”, em Quixadá, onde faleceu no dia 19 de novembro de 1895.
Benedito Augusto dos Santos
Benedito Augusto dos Santos nasceu na povoação de Sucatinga, município de Cascavel, hoje pertencente a Beberibe, no dia 11 de setembro de 1853, filho de Antônio Francisco dos Santos e de dona Delfina Joaquina do Sacramento. Foi o pai de Benedito Augusto Carvalho dos Santos, poeta e intelectual cearense que ocupou a Interventoria Federal do Ceará, e que era conhecido por Beni Carvalho.
Em 1859 iniciou os estudos primários na escola regida pelo professor interino Thomaz de Aquino Rocha Areias, na dita povoação, onde permaneceu até julho de 1861, quando seus pais se mudaram para a vila, hoje cidade de Cascavel.
Aí foi submetido a exame de primeiras letras na escola regida pelo professor público Raimundo Vieira Perdigão, sendo aprovado em 1867 pela Comissão Examinadora composta pelo mesmo professor, pelo inspetor local, tenente coronel Aderbal Tito de Castro e Silva e o capitão Antônio ferreira do Vale, que assinaram o termo do exame.
Como escriturário de seu pai, que ocupava o cargo de escrivão do Júri e de tabelião ajudante, havendo adquirido prática dos negócios forenses, dedicou-se à advocacia , tendo feito sua estreia no Tribunal do Júri em 1º de dezembro de 1875 defendendo o réu Manuel Nicolau Pereira Barbosa.
A convite do Dr. Hypólito Cassiano Pamplona, mudou-se para Aracati em 1879, a fim de entrar em concurso de primeiro tabelião público desta cidade, em virtude da invalidez incurável do serventuário. Mesmo antes do concurso, foi nomeado, interinamente, pelo presidente da província, Dr. José Júlio de Albuquerque Barros, posteriormente Barão de Sobral, para exercer o mesmo cargo.
No Aracati passou a ser escriturário do coronel Antônio Francisco Pinheiro em negócios da política, sendo nomeado adjunto do promotor público em 31 de janeiro de 1881, cargo que ocupou até transferir-se para Cascavel no ano seguinte.
Voltou ao Aracati no mesmo ano e ali casou-se com uma sua parenta, Maria Ermelinda de Carvalho, filha do comendador José Raimundo de Carvalho, português de nascimento e dona Ermelinda Maria de Carvalho, nascendo do consórcio apenas um filho, Benedito Augusto Carvalho dos Santos.
Benedito Augusto dos Santos faleceu em 1935.
Benedito Façanha Sidou
O engenheiro civil Benedito Façanha Sidou nasceu em Cascavel no dia 12 de junho de 1864, filho do major Francisco Severino Façanha Sidou e Benedita de Oliveira Sidou.
Fez seus estudos no Instituto de Humanidades dirigido pelo protonotário apostólico Bruno Roiz da Silva Figueiredo, em Fortaleza.
Depois matriculou-se na Escola Politécnica do Rio de Janeiro onde fez o curso de engenheiro civil. Para sua manutenção naquela cidade enquanto acadêmico, exerceu sucessivamente os lugares de praticante dos Correios, repetidor da cadeira de língua articulada no Instituto de Surdos-Mudos e professor de matemática do Instituto Profissional.
Por ocasião do advento da república fez-se soldado do Batalhão Acadêmico, chegando ao posto de aspirante a oficial.
Depois de formado em engenheiro, veio trabalhar na construção da Estrada de Ferro de Baturité onde, no espaço de cinco anos, exerceu os cargos de condutor, ajudante, chefe de seção e chefe do tráfego e locomoção.
Fez parte da comissão dos estudos da duplicação da linha da Estrada de Ferro Central do Brasil.
Morou em Manaus, Amazonas, onde durante dois anos exerceu o lugar de ajudante do Diretor de Obras Públicas e, mediante concurso adquiriu o direito de ensinar matemática na Escola Modelo. Também foi professor de Geografia na Escola Normal após prestar concurso realizado em 1905 para qual apresentou a tese sobre a figura da Terra e Teoria das Marés.
Cipriano de Miranda
O poeta Cipriano de Miranda nasceu em 17 de maio de 1865 na Fazenda Tanques, na antiga vila de São Bento, atual município de Cascavel, filho de Francisco Aires de Miranda e Francisca Helena de Miranda.
Foi redator e gerente do jornal “Cruzeiro”, editado em Baturité.
Colaborou no Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro.
Em 1885 publicou “lírios e Goivos – poemas”.
Deixou um livro inédito que intitulara de “Carmes”.
Cipriano de Miranda faleceu no dia 26 de julho de 1888 aos 23 anos de idade, vítima de tuberculose.
Edson Queiroz
Edson Queiroz nasceu em Cascavel, a 12 de abril de 1925. Era uma noite de lua cheia. Filho de Genésio Queiroz e Cordélia Antunes Queiroz, foi o segundo filho do casal. O nome Edson foi escolhido porque sua mãe tinha uma admiração pelo inventor Thomas Alva Edison.
Edson teve uma infância típica de classe média numa cidade provinciana como Cascavel. Aos 6 anos de idade foi matriculado na escola da professora Nana Loureiro para aprender o bê-a-bá. Fez sua primeira comunhão na igreja Matriz.
Com o passar do tempo, sua mãe, preocupada com o futuro das crianças, insistia para que Genésio se transferisse para Fortaleza.
Com a grande seca de 1932 e seus reflexos no comércio, Genésio terminou por atender sua esposa, transferindo-se para Fortaleza e, ao chegar lá, montou uma mercearia no centro da cidade. Edson tinha 7 anos e apenas noções das primeiras letras. Foi matriculado no Colégio Cearense do Sagrado Coração, dirigido pelos irmãos maristas.
A determinação de Genésio serviu de exemplo para o filho, que sempre acompanhou de perto a trajetória do pai, dividindo suas horas entre a dedicação aos estudos e uma ajuda na mercearia, fazendo pequenas vendas ou entregas.
Em 1935, Edson, após concluir o curso primário, foi transferido para o Seminário Episcopal da Prainha. Com o passar dos anos, o reitor achou que Edson não tinha vocação para ser padre. Terminava ali o seu sonho de ser sacerdote.
Com o sucesso nos negócios, seu pai já tinha condições de manter um armazém de estivas. A firma Genésio Queiroz & Companhia foi fundada em 1935. Ficava na Rua Conde D’Eu, 647. Em 1941, com as importações de açúcar, Genésio tornou-se conhecido na cidade como “Rei do Açúcar”, feito que dividia com a mulher e os filhos.
Em 1942 o serviço militar tirou praticamente Edson da firma. Ele serviu o exército no 23º Batalhão de Caçadores, na Companhia Quadros, dando baixa em 1943, a patente de cabo atirador. De volta ao armazém, se associa ao pai que o nomeia gerente. Aos 20 anos, Edson Queiroz já desfrutava de uma invejável situação, especialmente para um jovem de sua idade. Além de sócio-gerente da firma Genésio Queiroz & Companhia, estava também à frente de outros pequenos negócios em sociedade com o pai.
Em 1945 conheceu uma jovem de 16 anos, Yolanda Vidal Queiroz, com quem se casou no dia 8 de setembro, na Igreja do Carmo. Do consórcio nasceram os filhos: Airton José, Myra Eliane, Edson Filho, Renata, Lenise e Paula.
Em 1947, Edson, aproveitando ideia de Jonas Carlos da Silva, que o convidou, fundou a Loteria de Números (depois Loteria Estadual do Ceará), a exemplo do que já existia no sul do País. Nesse preito associou-se ao pai e a dois amigos. O empreendimento obteve êxito, mas pai e filho deixaram o negócio antes que o governo encampasse a iniciativa.
Depois de várias tentativas de conclusão dos estudos, o jovem empresário reconhece que o seu ritmo de vida não lhe possibilitaria a realização de um sonho: formar-se em engenharia. Acaba se matriculando na Escola de Comércio Padre Champagnat, onde, em 1948, se diplomaria contabilista. Dois anos depois tentaram novamente o ramo de loterias. Em 1949 fundaram a Loteria Estadual de Pernambuco, que antes de completar um mês de funcionamento foi encampada pelo governo. No mesmo ano, seu primeiro negócio independente resultou num verdadeiro marco para a história de Fortaleza: construiu na Praça do Ferreira o famoso Abrigo Central, antecipando em muito os modernos “shopping centers”. Um espaço que ocupava desde pequenas lojas a empresas de prestação de serviços, bares, lanchonetes, bancas de revistas, discos e bastante espaço para o público, que foi inaugurado no dia 15 de novembro de 1949. Durante muitos anos o Abrigo foi o ponto de encontro da cidade. Em 1955, porém, começaram a surgir boatos que havia falhas na estrutura e que a obra poderia ruir a qualquer momento. O empresário desafiou os engenheiros. As polêmicas se arrastaram e, em maio de 1966, a construção foi demolida para ampliação e modernização da nova Praça do Ferreira.
A carreira de Edson Queiroz obedece à seguinte cronologia:
1951 – junho – 18 – Nasce, em duas pequenas portas da Rua Pedro Borges nᵒ 203, na Praça do Ferreira, a firma Edson Queiroz & Cia., vendendo fogões e gás em botijões, empresa comprada a Waldemar Gomes Freire, conhecido por Mazine, que ali teve a Garage Mazine, depois Agência Packard, da firma Gomes Freire & Companhia, com posto de carros de aluguel, todos da marca Packard. Nascia, assim, o Grupo Edson Queiroz;
1953 – Obtém a concessão de cotas de GLP da primeira refinaria nacional em Mataripe, Bahia. Funda a Edson Queiroz Navegações com uma frota inicial de cinco embarcações;
1955 – Funda uma filial de Edson Queiroz & Companhia em Belém, Pará, posteriormente absorvida pela Companhia de Gás do Pará – Paragás;
1957 – A Edson Queiroz & Companhia passa a sociedade anônima, sob a razão social de Norte Gás Butano S/A. É criada a Sociedade Butano Ltda., para atuar no setor imobiliário;
1959 – A Norte Gás Butano constrói e inaugura o primeiro terminal oceânico do Nordeste, em Fortaleza, o Terminal Ernesto Igel. Extingue a Edson Queiroz Navegação;
1960 – Inauguração do terminal da Paragás, em Belém;
1961 – Edson Queiroz adquire o controle acionário da Rádio Verdes Mares AM;
1963 – outubro – 15 – Instala-se a Tecnomecânica Norte S/A – Tecnorte, do Grupo Edson Queiroz, para fabricação de botijões e similares. No mesmo ano instalou-se, do mesmo grupo, a Estamparia e Esmaltação Nordeste S/A – Esmaltec, para fabricação de fogões, etc. ;
1965 – Entra com um processo no Contel pedindo a concessão de um canal de televisão;
1967 – Compra as fábricas de bicicletas Bristol e Göering, do Rio de Janeiro, posteriormente vendidas à Monark. Edson associa-se a José Afonso Sancho no jornal “Tribuna do Ceará”, fazendo daquele jornal o primeiro a imprimir em offset;
1968 – Associado ao empresário Edmundo Rodrigues, funda a Cascavel Castanhas de Caju Ltda. – Cascaju, em Cascavel;
1970 – Inauguração, no dia 31 de janeiro, da TV Verdes Mares – Canal 10 – Inauguração da Piauí Gás Butano, em Teresina, Piauí;
1971 – Assenta a pedra fundamental do Campus da Universidade de Fortaleza – Unifor. Institui o troféu Sereia de Ouro;
1971 – maio – 26 – O Diário Oficial do Município – DIOM nᵒ 4.672 publica a Lei nᵒ 3.886 do dia 19, que concede ao industrial Edson Queiroz, nascido em Cascavel, o Título Honorífico de Cidadão de Fortaleza, proposta do vereador José Barros de Alencar;
1971 – setembro – 17 – Às 16h, é lançada a pedra fundamental da Universidade de Fortaleza – Unifor, fundada por Edson Queiroz, no baiiro da Água Fria, na Avenida Washington Soares nᵒ 1321;
1971 – setembro – 30 – Entrega do primeiro Troféu Sereia de Ouro, criado por Edson Queiroz;
1972 – Inauguração da transmissão a cores da TV Verdes Mares. Inicia investimentos no setor agropecuário, criando a Butano Agropecuária Ltda.;
1973 – Aula inaugural da Unifor, em 21 de março, proferida pelo então ministro da Educação, Jarbas Passarinho. A Norte Gás Butano compra o acervo da Brasilgás em Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. Inaugura o Terminal José Ribamar Maranhão, em São Luiz, Maranhão;
1974 – março – 24 – Os empresários José Afonso Sancho e Edson Queiroz concretizam a compra, através da Arquidiocese de Fortaleza, do controle acionário do Banco popular de Fortaleza S/A – Banfort;
1975 – Inaugura a Rádio Verdes Mares FM, a primeira do Ceará, no dia 24 de setembro;
1976 – Compra a Heliogás do Rio de Janeiro. Entra em operação a Norte Gás Butano Distribuidora Ltda., sucessora da Norte Gás Butano S/A. Esta se transforma na holding do Grupo;
1978 – A Norte Gás Butano inaugura uma base em Maceió, Alagoas;
1979 – Inicia as atividades no setor de águas minerais, adquirindo a marca Indaiá;
1981 – A 19 de dezembro circula o primeiro número do jornal “Diário do Nordeste”, em Fortaleza;
1982 – Adquire a Rádio Tamandaré, de Recife (PE), e a Rádio Tamoio, do Rio de Janeiro. No dia 8 de junho, morre Edson Queiroz num pavoroso desastre com um avião da Vasp que se chocou com a Serra da Aratanha, em Pacatuba, Ceará, onde também morreram 126 passageiros e nove tripulantes. Entre os mortos, dezenas de industriais do novo e florescente ramo das confecções que regressavam da Fenit, em São Paulo.
Edson foi o maior empresário cearense de espírito empreendedor e dinâmico, o menino que saiu da pequena Cascavel para construir um império.
1982 – julho – 22 – Instituída pela Assembleia Legislativa, através da Lei nᵒ 10.695, a Medalha Edson Queiroz;
1983 – junho – 6 – O bairro Água Fria passa a se chamar Edson Queiroz. A lei que modifica a denominação do espaço é de autoria do vereador José Barros de Alencar e sancionada pelo prefeito César Cals Neto, mas só foi publicada no dia 13/06/1983. A homenagem se deve ao fato de o industrial Edson Queiroz ter sido um dos pioneiros daquele bairro, ao implantar em 1973 a Unifor, da Fundação Edson Queiroz;
1984 – abril – 12 – Inaugurada a estátua do Chanceler Edson Queiroz, na Praça da Imprensa, em solenidade presidida pelo governador do Estado, Luís Gonzaga da Fonseca Mota (Gonzaga Mota), escultura feita por João Bosco do Vale, iniciativa do deputado Almino Menezes.
Francisco Mansuêto de Souza
O médico Francisco Mansuêto de Souza nasceu em Cascavel às duas horas da madrugada do dia 21 de setembro de 1924, filho de Abdon Galdino de Souza e dona Maria Marcelo de Souza.
Fez seus estudos iniciais em sua terra natal com professoras particulares, entre elas dona Leopoldina (Sinhá) Frota e dona Júlia de Melo. Depois estudou no Colégio Rio Branco, do professor Milton Moraes, na Rua Sete de Setembro (hoje Pedro de Queiroz Ferreira) esquina com a Rua Quintino Bocaiuva (hoje Professor José Antônio de Queiroz).
Com a Dra. Lucrécia Pinho preparou-se para o exame de admissão ao ginásio.
Em 1941 prestou exame de admissão ginásio no Colégio Cearense do Sagrado Coração, dos Irmãos Maristas, no centro de Fortaleza, onde cursou todo o ginásio, passando para o Colégio São João, na Aldeota, onde fez o científico.
Quando cursava o último ano do científico, no recreio um colega de turma lhe chamou atenção para uma seção numa revista “correio sentimental” aonde vinham endereços de moças de vários estados. O anúncio que lhe chamou a atenção foi da “Ritta, gauchinha da fronteira”. Chegando ao hotel fez a cartinha e pôs no correio e vinte dias depois chegou a resposta.
Ritta se interessou por ele pela distância e também porque ela já havia lido dois romances de José de Alencar, “Iracema” e “Senhora”. Queria saber tudo sobre o Ceará. Carta vai, carta vem, cartões postais e foi nascendo aos poucos uma grande história de amor.
Em 1948 Mansuêto ingressou na Faculdade de Medicina do Ceará, na primeira turma de sua fundação. No ano seguinte, transfere-se para a Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro.
Em 1954, formou-se. Durante o curso foi interno-residente no Hospital Universitário Gafrée Guinle, no período de 1952 a 1954.
Ritta foi convidada para ser sua madrinha na formatura. Ela era filha única e chegou ao Rio de Janeiro acompanhada de sua mãe, Francisca (Chiquita) Mércio Machado. O encontro no aeroporto foi emocionante. Hospedaram-se na Cinelândia. Quando da volta para o Rio Grande do Sul, já estavam comprometidos.
De fevereiro de 1955 a maio de 1965, residiu e clinicou em Cascavel, trabalhando na Maternidade Nossa senhora das Graças em regime integral (era único médico na cidade), sem remuneração.
No mesmo ano foi a Santana do Livramento, Rio Grande do Sul, conhecer seu futuro sogro, Carlos Machado, ocasião em que oficializou o pedido de casamento. Voltou ao Ceará já casado no civil.
Casou-se no religioso em oito de janeiro de 1956, em Cascavel, com a professora gaúcha de Santana do Livramento Ritta Machado de Souza, sendo padrinhos, no ato, por parte da noiva, o casal Olival Benício Sampaio e Sra. Nagib Sttite Sampaio e por parte do noivo o casal Luiz Antunes Hachen e Sra. Anita Marcelo Antunes. O ato foi na residência do padre Antônio de Oliveira Nepomuceno, sendo celebrante o padre Francisco de Assis Rodrigues.
Do casamento nasceram Maria Terezinha (Teca), Carlos Mansuêto, Hugo, Marco Antônio, Jacqueline e Ruth (esta, nati-morta).
Em 1958 foi eleito prefeito municipal de Cascavel, cargo que exerceu até o término do mandato, em 1962.
No segundo semestre de 1965 seguiu para o Rio de Janeiro, onde fez residência na Clínica Cardiológica do Hospital Escola Pedro Ernesto. Especializou-se em cardiologia com o professor Aarão Belchimol.
Em 1966 foi morar na cidade natal de sua esposa, Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, limite com o Uruguai, onde ocupou o cargo de coordenador médico do Instituto Nacional de Previdência Social – INPS.
Em 1982 regressou ao Ceará passando a ocupar o cargo de auditor médico da Previdência Social em Fortaleza.
Aposentou-se em 10 de setembro de 1990 por tempo de serviço e vai residir em Cascavel, na Caponga.
Apesar de aposentado, nunca deixou de trabalhar, indo diariamente ao Hospital Nossa senhora das Graças atender à pobreza sem nenhuma remuneração.
Perdeu a esposa em cinco de abril de 2008 após meses de pertinaz doença.
Francisco Mansuêto de Souza faleceu no dia 1º de novembro de 2009.
Horácio Bessa Sobrinho
De veia política, vinda do bisavô Inácio Ribeiro Bessa, vereador em Russas e deputado provincial, e do tio-bisavô, o Cônego Francisco Ribeiro Bessa (1823-1890), deputado provincial por quatro vezes, e de seu pai Otávio Bessa, prefeito de Beberibe, Horácio desde os 18 anos já era vereador em Beberibe onde nascera e se criara. Transferiu-se para Cascavel, em 1913, e lá se associa com outro empreendedor para implantar a panificadora “15 de Novembro”. O êxito no negócio logo o faz diversificar a atividade e instalar a fábrica de cigarros “Progresso”. Horácio comprou terras para lavoura de cana e casou-se com Carmozita, a filha do juiz Manoel Sancho Campelo, então recentemente transferido para Cascavel.
Em julho de 1914, ele toma posse como tabelião e escrivão do júri da Comarca. Horácio constrói o Solar “Vila Itamê”, monta sua indústria de aguardente no Sítio São Bernardo e começa a engarrafar com sucesso a cachaça “Lourinha”, cujos rendimentos lhe permitiram arcar com a educação dos filhos nos melhores colégios de Fortaleza e nas Faculdades do Sul do País. A partir de 1919, o Solar dos Bessas em Cascavel passa a ser uma das casas mais frequentadas da região pelas lideranças políticas municipais e da capital e até mesmo por aqueles em busca da esmola ou de emprego nos canaviais e no engenho. O prestígio de Horácio cresce e ele começa a incursionar na política municipal.
Os desmandos e as perseguições da política cearense durante a década de 1920 frustram Horácio, tornando-o cada vez mais descrente nos “homens da República Velha” e interessado na renovação prometida pelo Movimento Tenentista. Horácio apoia a “Caravana da Aliança Liberal” em sua estrepitosa visita ao Ceará em fevereiro de 1930, cuja comitiva ele hospedou em seu casarão. Recompensado pelo apoio, a vitoriosa Revolução de 30 granjeou-lhe a posição de prefeito de Cascavel. Sua administração, de 1930 a 1931, pautou-se pela “assepsia” na máquina municipal, aumento na arrecadação de impostos, melhorias na instrução pública e conclusão do Mercado Municipal. As mudanças na Prefeitura receberam o aplauso da população e valeram-lhe a perpetuação dês eu nome sob a forma de um busto em uma praça central da cidade, inaugurado em 02 de maio de 1970. O busto foi destruído por vândalos em 2006, sendo agora reconstituído pela Prefeitura Municipal de Cascavel.
A 12/10/1939 falecia, aos 50 anos, o tabelião Horácio Bessa Sobrinho, natural de Beberibe (CE), deixando viúva Carmozita Campelo Bessa e os filhos José Caubi, Luiz Irapuan, Francisco Jurandir, Maria Juraci, Manoel Wilson e Maria Itamê. Horácio foi bom filho e pai de família, um patrão justo, um empreendedor íntegro, um funcionário público cumpridor de seu dever e um cidadão respeitado.
João Lopes Ferreira Filho
João Lopes Ferreira Filho nasceu em Cascavel, Ceará, no dia 10 de agosto de 1854, filho de João Lopes Ferreira e Francisca de Paula Façanha Ferreira.
Foi abolicionista, jornalista, político e professor de português do antigo Lyceu do Ceará. Foi também funcionário dos Correios em Fortaleza.
Foi deputado provincial em 1878 e 1879; em 1880 e 1881 foi secretário de Teodoreto Souto, quando este ocupou a presidência da província do Amazonas. Quando chegou do norte, assumiu a chefia do jornal “O Libertador”, de Fortaleza, formando-se do qual foi órgão em seu redor um círculo de moços de talento que deu a este jornal uma nova feição e grande prestígio no seio da população. Por esta razão foi fundado o Clube Literário do qual foi órgão de divulgação a revista “A Quinzena”. Tanto na revista quanto no jornal, João Lopes usava o pseudônimo de “Gil” nas crônicas que escrevia.
Ao ser fundado o Centro Abolicionista 25 de Dezembro, no dia 19 de dezembro de 1882, João Lopes estava como membro da diretoria, ao lado de Júlio César da Fonseca Filho, Joaquim Domingues da Silva, Antônio Leal de Miranda, cônego João Paulo Barbosa, Afonso d’Albuquerque, Narciso A. Vieira da Cunha, José Martiniano Peixoto de Alencar, Joaquim Januário J. de Araújo, Guilherme Chambly Studart (Barão de Studart), major Bento Luís da Gama e Meton da Franca Alencar.
Como representante de “O Libertador”, assinou, em 31 de dezembro de 1888, a Ata de criação da Vila de Porangaba.
Foi membro de Centro Republicano do Ceará, órgão fundado em 26 de julho de 1889.
Como jornalista e político pertenceu às redações de “O Cearense”, “Gazeta do Norte”, “O Libertador”, “República”, todos em Fortaleza, e, no Rio de Janeiro, nos “Tempo”, “Tribuna” e “Dia”.
No governo de Luiz Antônio Ferraz, primeiro da República, foi nomeado Secretário dos Negócios do Interior por ato de 16 de novembro de 1889 e logo em seguida, no dia 4 de janeiro de 1890, assumia como membro do Conselho de Intendência de Fortaleza.
No mesmo ano, elegeu-se em 15 de setembro, deputado constituinte pelo Ceará. Juntamente com seus colegas deputados federais Francisco Sá e Virgílio Brígido, iniciou a publicação do “Correio Mercantil”, que durou pouco tempo.
Por longos anos colaborou na “Gazeta de Notícias”, deixando-o por ocasião da questão suscitada pelos candidatos de Hermes da Fonseca e Rui Barbosa em 1910.
Foi casado com dona Maria de Sousa Lopes de cuja união nasceram vários filhos, dentre eles o poeta e diplomata Tomás Lopes, o escritor Oscar Lopes e as escritora Abia Lopes, que assinava com o pseudônimo de Sílvia Patrícia, dona de apreciável estilo e colaboradora de jornais e revistas do país.
João Lopes Ferreira Filho faleceu no dia primeiro de maio de 1928, aos 73 anos de idade, deixando uma lacuna no meio político e jornalístico. Existe hoje, em sua homenagem, em Fortaleza, a Rua Deputado João Lopes, na Aldeota e em sua terra natal, Cascavel, a Rua Jornalista João Lopes, que cruza o bairro do Rio Novo.
João Paulo Lima
João de Paula Lima (nome de batismo) nasceu em Cascavel, no dia 6 de agosto de 1936. Ainda jovem mudou-se para o Rio de Janeiro, onde frequentou a Escola Nacional de Belas Artes, tendo a oportunidade de aperfeiçoar seu autodidatismo com o professor Hamés. Completou sua formação com o professor Ivan Serpa, no Museu de Arte Moderna, e no Liceu Literário teve aulas com o professor Vasquez.
João Paulo participou de várias exposições no Brasil e no exterior. Convidado pelo MEC Funarte/Instituto Nacional de Artes Plásticas representou o Brasil na 1ª Bienal Ítalo-Latino-Americana de Gravuras, realizada em Roma em 1978. Fez exposição individual no The International Cartoon Contest – Chiyoda-ku, Tóquio – Japão em 1982.
Dentre tantas obras que expressam a genialidade do artista, “Madonas” é a série que ele considerava mais importante e particularmente representativa da sua última fase de trabalho, com foco nos sentimentos humanos.
De regresso à terra natal em 2014, João Paulo faleceu em Cascavel, aos 80 anos de idade, no dia 21 de dezembro de 2016.
CURRÍCULO
Escola Nacionalde Belas Artes
Frequentou o Atelier Livre, durante quatro anos, onde estudou litografia com o professor Ramés.
Museu de Arte Moderna
História da Arte, curso ministrado pelo professor Ivan Serpa.
Liceu Literário Português
Pintura, curso ministrado pelo professor Vasquez.
EXPOSIÇÕES COLETIVAS
1965 – Museu de Arte Moderna – Manifestação Artística da Associação dos Artistas Plásticos da Guanabara.
1966 – Museu de Arte Moderna – Manifestação Artística da Associação dos Artistas Plásticos da Guanabara.
1967 – CIB – Centro Israelita Brasileiro/Rio.
1968 – LIESSE – Escola Israelita/Rio.
1970 – Associação Fluminense/Niteroi/Rio.
1971 – Fluminense Futebol Clube/Rio.
1972 – Clube Caxangá/Teresópolis/Rio.
1973 – Coordenador da rua de arte, nas dependências da Biblioteca Nacional, idealização da AAP/Rio.
1974 – Salão Nacional – MEC/Rio.
1974 – Hotel Glória – Abertura do Congresso Internacional de Odontologia/Rio.
1975 – Salão de Artes Visuais da Bahia – MEC/Rio.
1975 – Centro Cultural Paschoal Carlos Magno – Niteroi/Rio.
1975 – MEC-DAC – Concurso de Cartaz do Sexcentenário do Sistema Braille, na qualidade de artista convidado (o convite de participação no concurso foi feito somente a dez artistas), no Rio.
1978 – Bienal Italo-Latino-Americana de Gravura – Roma/Itália.
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
1978 – Hotel Nacional – Salão de Convenções/Rio.
1982 – The International Cartoon Contest – Chiyodaki/Tóquio/Japão.
1988 – Planetário da Cidade do Rio de Janeiro/Rio.
1989 – Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro/Rio.
1991 – Julgador dos coretos de praça durante o carnaval carioca, convidado pela RIOTUR.
João Severiano Ribeiro
O major Joao Severiano Ribeiro nasceu em Cascavel, Ceará, no dia 22 de maio de 1817.
Entrou para o funcionalismo público em 1839, onde ocupou vários cargos, entre eles o de inspetor da Tesouraria da Fazenda do Ceará e de Alagoas; foi chefe de seção da Tesouraria da Fazenda de Pernambuco; bibliotecário público; tesoureiro e inspetor provincial do Ceará; guarda-livros da Estrada de Ferro de Baturité; vice-provedor e instalador da Santa Casa de Misericórdia do Ceará, reconduzido por três vezes.
Prestou relevantes serviços na epidemia do cólera-morbus em 1862.
Pertencente à política conservadora, foi eleito deputado à assembleia Provincial por seis legislaturas.
Era Cavaleiro das Ordens de Cristo e da Rosa.
Severiano Ribeiro teve também a patente de alferes quartel mestre da Primeira Legião da Guarda Nacional de Fortaleza, por decreto de 16 de setembro de 1842. Era membro do Conselho Diretor da Instrução Pública por portaria de 2 de janeiro de 1873; major da Guarda Nacional em 1890 e aposentou-se como chefe da Seção da Tesouraria de Pernambuco. Não aceitou o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa, respondendo ao governo em ofício ao presidente da província, que lhe bastava ser Cavaleiro da Ordem de Cristo.
Severiano Ribeiro faleceu em Fortaleza no dia 16 de novembro de 1899.
José Marcos de Castro e Silva
O tabelião José Marcos de Castro e Silva era casado com Tereza Carlota de Sabóia Castro.
Nascera em Cascavel, Ceará, e faleceu na mesma cidade em 24 de abril de 1867, como tabelião público, para que fora nomeado em caráter efetivo por decreto imperial de 12 de abril de 1863.
Foi vereador da primeira Câmara Municipal de Cascavel, empossando-se em 18 de outubro de 1833, em substituição ao tenente coronel José de Queiroz Lima, que fora eleito para conselheiro da província.
Substituiu-lhe, no cargo de tabelião, o seu filho José Marcos de Castro e Silva.
Josias Benício Sampaio
Josias Benício, misto de músico e fotógrafo, nasceu no dia 7 de novembro de 1904 em Bananeiras, hoje Guanacés, município de Cascavel, filho de Manuel Benício de Sampaio e de dona Maria Soares de Sampaio.
Quando jovem, em 1920, criou a primeira banda de música de sua terra, nela tocando flauta. A banda era formada por rapazes e moças.
É autor do Hino Oficial de Guanacés.
Em 1933 mudou-se para Fortaleza já como fotógrafo, profissão na qual trabalhou como itinerante em várias cidades.
Casou-se em 1934 com Elvira Soares de Sampaio, nascendo do casal cinco filhos.
Em 1936 foi para o Rio Grande do Norte, trabalhando como fotógrafo em Mossoró e Santa Cruz.
Tinha múltiplos interesses: astronomia, carpintaria, fotografia e música.
Como flautista, foi membro da Orquestra Sinfônica de Fortaleza.
Em Fortaleza adquiriu a Foto Novo, na Rua Major Facundo, época em que criou o Expositor Brasil Cosmos (EBC), inaugurado em 2 de julho de 1946, engenho que produzia fotos de pessoas em cenários distantes.
Escreveu os livros: “A tragédia do suor” e “Núpcias das ideias”.
Convidado para compor a Orquestra Sinfônica do Recife, mudou-se para a capital de Pernambuco em 1952. Na Veneza brasileira trabalhou como músico e como fotógrafo até falecer no dia 3 de maio de 1982.
O acervo fotográfico, fotomontagem e obras de carpintaria estão hoje no Museu do Homem do Instituto Joaquim Nabuco, em Recife.
Parte do acervo de partituras e fotografias encontra-se no Museu de Guanacés.
Juvenal de Carvalho
O coronel Juvenal de Carvalho nasceu na Mata Quiri, em Cascavel, Ceará, no dia 28 de março de 1858.
De simples caixeiro no comércio de Aracati, pôde fazer-se rico e grande proprietário rural em Redenção, onde introduziu novos métodos de agricultura, principalmente a da cana-de-açúcar.
Morou em Redenção, onde recebia os amigos em sua grande casa que era conhecida pela hospitalidade de seu proprietário. Ali era líder político da maior importância.
Transferiu-se para Fortaleza em 1925 por motivo de saúde.
Inúmeras são as instituições educacionais que mereceram as dádivas de suas doações, sendo muitas delas por ele fundadas.
O coronel Juvenal de Carvalho faleceu no dia 24 de dezembro de 1955, em Fortaleza.
Fonte: “Cascavel: retalhos de sua história” [Francisco de Sena Rodrigues]