O Cajueiro do Ministro fica no município de Aquiraz na fronteira com Cascavel.
Por que Cajueiro do Ministro?
O Sítio Cajueiro era onde morava o capitão José Lopes Barreira, que foi designado em 1791 para o cargo de almoxarife da Fazenda Real da Capitania, função que lhe trouxe o título popular de “Ministro”.
O lugar era muito conhecido dos que viajavam a cavalo ou a pé pela estrada real Fortaleza – Aracati. Por ser ponto obrigatório de descanso, deram, em consequência, o nome de Cajueiro do Ministro, como o lugar é conhecido até hoje. O local era sombreado por grandes cajueiros altos e copados, perto de um riacho de águas límpidas. Nele se arranchou Felipe Patroni, em 1829, quando de sua viagem por terra de Fortaleza à Corte.
Também estiveram na sombra destes cajueiros, em 1835, os negros assassinos da chacina noturna em alto mar da escuna Laura II e lá o negro escravo João Mina mandou eliminar na sombra dos cajueiros o seu companheiro Antônio Cozinheiro por ser amigo do Capitão, com medo que este fugisse e fosse denunciá-lo às autoridades. Ali João Mina, acompanhado por Hilário e Constantino, enterraram o baú roubado com o tesouro pertencente ao Capitão Francisco Ferreira da Silva e do pagador Feliciano Prates (joias e moedas de ouro), na areia dos tabuleiros vizinhos ao Cajueiro do Ministro, onde até hoje se presume estar perdido.
No outro dia, pessoas habitantes da praia de Arapaçu (hoje Batoque), que foram colher mariscos, viram uma escuna naufragada, muitas pegadas sobre a areia dos morros, e concebeu-se a suspeitar de que tivessem se retirado daquele barco misterioso os que o povoavam. Foi à tarde que o vizinho do inspetor de Arapaçu veio contar que teria ido à sua casa 17 homens, sendo 15 pardos, um europeu e mais um preto ferido. Todos estavam armados e fugiram. Ele acreditava que fossem embarcadiços. Em consequência, o inspetor Antônio José de Souza, de Arapaçu, resolveu ir a bordo e, com oito homens da redondeza, em duas jangadas, transportou-se para ali. Encontrou a escuna despovoada. Nem mortos nem vivos! Havia, porém, aqui e ali vestígios de sangue. Com esses comentários, também o inspetor do Cajueiro do Ministro reuniu os seus homens em número de nove e se dispõe a sair ao encalço dos embarcadiços. Passando, porém a indagar o caso de Arapaçu, eis que um negro, que viera dali no dia anterior, assevera que os encontrara no descanso. Estavam todos armados e por trás do mato alto. O inspetor resolveu seguir-lhe os passos.
Também um soldado que tinha ido levar ofícios ao juiz de paz de Cascavel, avisando-o do que se passava, tratava que o marujo branco, que ia no barulho dos ditos negros, contava que do Ministro para diante tinham morto um dos que iam no rancho dos tais.
Então o inspetor resolveu ir com algumas pessoas, e viu a cova onde estava enterrado o morto. Havia muito sangue em redor.
Estes negros foram presos e levados para a cadeia de Aquiraz e depois foram transferidos para Fortaleza acompanhados de seus processos. A execução dos negros assassinos por enforcamento se deu às seis horas da manhã no largo do Paiol de Pólvora (hoje Passeio Público), a 28 de outubro de 1836.
Os seis tripulantes que fugiram em um escaler aproveitando a confusão estabelecida a bordo com a luta entre o capitão e os negros, encalharam na praia do litoral de Cascavel. Foram presos e levados para a cadeia de Cascavel. Foram os marujos brancos Jovito e Agostinho, os pretos Manuel e Amásio, e dois moleques, Elias e Felipe. Mas, como nada foi apurado contra eles, foram postos em liberdade quando chegaram em Fortaleza.
[Cascavel – Retalhos de sua história]