Em maio de 1975, no Vale do Choró, começaram a surgir casos de pessoas com dores de cabeça e do estômago, acompanhadas de disenterias, vômitos e depressão física. O mal se alastrou rapidamente, de modo que o hospital de Cascavel (de 110 leitos) em poucos dias estava superlotado, com mais de 200 doentes, resultando daí muitos serem acomodados em colchões no chão.
Diante da calamitosa situação, aos 29 do mesmo mês o prefeito Juarez de Queiroz (1902-1982) entrou em contato com a Secretaria Estadual da Saúde, que, imediatamente, providenciou o deslocamento do Dr. Wilson Batista Colaço para a cidade, ao mesmo tempo em que comunicava ao Ministério da Saúde o surto epidêmico. Os médicos Pedro Joaquim dos Santos e Djacir Moreira Pinto, do hospital, acompanhados dos da Fundação Serviço Especial de Saúde Pública (Fsesp), Wilson Colaço e Celsina Carvalho, e ainda Carlos Ivo Novais Menezes, desdobravam-se no atendimento aos enfermos enquanto a diretora da casa, Irmã Marta Moura, empenhava-se em conseguir acomodações para todos.
Na tentativa de diagnosticar a doença e suas causas, foram feitos exames laboratoriais no Instituto Osvaldo Cruz, do Rio de Janeiro, e nas universidades federal e estadual do Ceará. O Dr. Mauro Carmélio diagnosticou cólera-morbo e o Dr. Bolivar Bastos Gonçalves, gastroenterite aguda de caráter infeccioso. Os epidemiologistas do Ministério da Saúde, João Batista Risi e José Agripino Mendes também afirmavam tratar-se de uma gastrite infecciosa bacteriana. Os pacientes foram tratados com soro glicosado e antibiótico. O mal afetou as populações de Aquiraz, Cascavel e Beberibe.
Quando chegaram à conclusão de que o problema abrangia essencialmente a falta de higiene e de saneamento básico, vieram recursos do Ministério da Saúde, e a epidemia foi vencida. Deixou, entretanto, um saldo de seis vítimas fatais.
A “Gabriela” (alusão ao personagem da novela da TV Globo, do livro de Jorge Amado), como foi apelidado o terrível mal pelo povo de Cascavel, teve grande repercussão na imprensa cearense e do Rio de Janeiro.
[Fonte: Cascavel 326 Anos]